No post de hoje seguimos para a última parte da entrevista com Raphael Karan, o motociclista que cruzou os 5 Continentes em sua motocicleta. Este projeto deu origem a um livro, no qual ele conta em detalhes como foi essa experiência e o que é tema em suas palestras motivacionais. No final do post estão os contatos de Karan.
Para quem não acompanhou a primeira parte da entrevista, o post está disponível na barra lateral do Blog.
Blog: No final do viagem, no continente africano, principalmente no Mali e na Nigéria, quais foram suas maiores preocupações? E mesmo finalizando depois de contrair malária e achar que poderia “morrer ali” – palavras suas – você faria tudo de novo?
R: A Nigéria é o mais populoso país africano e tem fama de ser violento. A base da economia nigeriana vem da exportação de petróleo, por meio de companhias multinacionais que “exploram” esses recursos. Estava apreensivo, então resolvi retirar todos os adesivos da Swiss Airlines (patrocinadora) da moto para que eu não fosse confundido como funcionário de uma empresa multinacional, possível alvo de sequestro. Mas as boas experiências que lá tive mudaram minha opinião.
Fazer de novo não seria o caso. Quando se conclui um sonho outros tantos surgem, pois assim é a natureza humana. Mas definitivamente posso assegurar que a decisão de realizar essa viagem foi a melhor coisa que já fiz na vida.
Blog: Apesar de mencionar no começo do seu livro, que um projeto como este só é possível sozinho, no final da viagem você fica muito feliz por se integrar a um grupo de viajantes. Se fosse fazer um novo projeto, faria novamente sozinho ou com alguma companhia? Na sua opinião qual a vantagem e desvantagem nas duas condições?
R:Continuo acreditando que um projeto tão longo é mais difícil de ser concluído tendo que dividir opiniões, ceder, resignar, compartilhar. Os limites do aceitável e insuportável são diferentes para duas pessoas e isso pode significar o fim prematuro de um projeto.
Ano passado parti com minha família em um novo projeto chamado “Crianças na Estrada”. A ideia era viver em um motor home, mas não durou quatro meses. (risos). Para mim, acostumado a viver em uma pequena barraca, cozinhar em um fogareiro e tomar banho frio em rios e lagos, o motor home era um luxo. Para minha esposa foi um inferno!
Blog: Falando um pouco de burocracia para entrar nos países ou liberar a moto, o que um motociclista que planeja fazer uma viagem semelhante precisa saber e pesquisar, na sua opinião?
R: O mais importante chama-se “Carnet de Passage en Douane” que é um documento internacional reconhecido pelas alfândegas do mundo todo. Para obtê-lo, tem que se fazer um depósito em um banco no valor do veículo ou próximo dele, que fica sob custódia, e só pode ser retirado quando o veículo voltar ao país de origem. É emitido pela FIA e no Brasil não se consegue.
Quanto aos vistos dos diferentes países o melhor a fazer é solicitá-los durante a viagem, no país imediatamente anterior ao que planeja percorrer.
Blog: Para os que vão ler sua entrevista e iniciar um projeto de viagem pelo mundo, quais os primeiros passos?
R: Planejamento e pesquisa! Sem eles fica muito fácil de cometer erros e “tempo” pois para um viajante o tempo é mais precioso que dinheiro.
Blog: Qual foi o legado que o Projeto 5 Continentes deixou para você?
R:Passei a dar valor para coisas que antes não significavam muito e outras tantas as quais valorizava, deixaram de ser importantes. Algumas delas até desprezo. Aprendi que a felicidade está ligada às nossas realizações. Se temos recursos suficientes para fazer aquilo que queremos e o fazemos, a probabilidade de sermos felizes é muito maior que simplesmente termos uma polpuda conta bancária, uma casa luxuosa e um carrão (ou motão na garagem rsrs.)
Agradecemos mais uma vez a parceria de Raphael Karan que nos prestigiou com suas histórias e experiências pelo mundo.
GraBarros
Contatos de Rapahel Karan:
Instagram: @karanraphael
Facebook/raphaelkaran
E-mail: [email protected]